INTOXICAÇÃO POR BUFOTOXINAS EM CÃES

Os acidentes envolvendo sapos e cães são atendimentos emergenciais.
Quanto mais rápidos forem reconhecidos os sintomas pelos proprietários e o inicio da intervenção veterinária maiores as chances de sobrevivência.
Os sapos apresentam hábitos alimentares noturnos, momento em que ocorre a maior parte dos acidentes, sendo difícil ao proprietário relatar com precisão o inicio dos sintomas (BLANCO; MELO, 2014).
Os sapos da ordem Anura, família Bufonidae e gêneros Anaxyrus e Rhinella têm predileção pelas áreas de clima tropical ou temperado, assim encontram-se amplamente distribuídos no território brasileiro, sendo conhecidos, de acordo com a região geográfica em que habitam, como sapo-cururu, sapo-cururu-amarelo, sapo=boi, sapo-boi-cururu, sapo-jururu, sapo-gigante, água, xuê-guaçu ou simplesmente cururu (RIBEIRO et al., 2005).
Embora todos sejam venenosos, alguns não produzem toxinas suficientes para provocar a morte de animais (BARBOSA et al., 2009).
Os sinais clínicos aparecem rapidamente após a ingestão da toxina e podem se restringir ao local do contato ou apresentar envolvimento sistêmico, evoluindo para óbito.
A gravidade dos sinais depende:
- da espécie de sapo
- da potência do veneno
- da quantidade de veneno absorvida
- do tamanho de cada vítima
A sintomatologia inclui alterações nos sistemas gastrointestinal, cardiovascular e nervoso, sendo dividida, conforme a gravidade, em leve, moderada e grave (LOPES et al., 2014).
Os casos leves incluem irritação da musosa oral e sialorreia.
Em intoxicações moderadas, também ocorrem vômitos, depressão. ataxia. arritmias cardíacas, incontinência urinária e fecal e sinais neurológicos, como andar em círculos.
Nos casos graves, os cães apresentam diarreia, dor abdominal, pupilas irresponsivas à luz, convulsões, estupor, edema pulmonar, cianose e morte. (BLANCO; MELO, 2014; LOPES et al.,2014).
Outros sintomas neurológicos menos comuns são nistagmo, opistótono, excitação, paralisia muscular progressiva, cegueira e vocalização (BARBOSA et al.,2009, BLANCO; MELO, 2014).
Diagnóstico diferencial:
- intoxicação por metaldeídos
- agentes cáusticos
- inseticidas
- anticolinesterásicos
- estricnina
- medicamentos simpatomiméticos
- plantas como azaleia, espirradeira e dedaleira
Tratamento:
- Não há antídoto especifico contra o veneno do sapo, por esta razão, o tratamento de suporte deve ser direcionado conforme a gravidade do quadro apresentado.
- Lavagem abundante da cavidade bucal para remoção mecânica do veneno, indução de vomito e administração oral de carvão ativado para socorro imediato
- Terapia de fluidoterapia para manter a perfusão tecidual e prevenir complicações urinárias e hepáticas.
- Terapia antiemética e protetora da mucosa gástrica é recomentada.
- Corticoides e anti-histamínicos podem ser utilizados para reduzir edema perivascular cerebral.
Referência Bibliográfica:
Revista CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária) 72; Janeiro a Março 2017 Ano XXIII; Brasilia DF.
Páginas 43 até 47.