HEMOPARASITOSES EM CÃES
HEMOPARASITOSE
Os hemoparasitas são organismos que parasitam as células do sistema hematopoiético.
Podem ser as Rickettsias e Mycoplasmas, bactérias atípicas, intracelulares obrigatórias e gram negativas, e ou protozoários como as Babesias.
São transmitidos através da picada do carrapato.
Nem todos os carrapatos são infectados por vírus, bactérias ou protozoários.
Eles precisam ter o contato com a doença por meio de um hospedeiro para que se tornem vetores.
O controle do vetor é a medida mais eficaz na profilaxia da infecções.
1.ERLIQUIOSE CANINA
É veiculado pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus.
A Erliquiose é uma patologia causada por hemoparasitas que são organismos que parasitam as células do sistema hematopoiético.
Sua distribuição é cosmopolita e acomete vários mamíferos, dentre eles cães, gatos e humanos.
A denominação “erliquiose” é uma descrição utilizada para caraterizar a infecção pelos parasitos intracelulares pertencentes à família Anaplasmataceae.
Didaticamente, as erliquioses recebem classificação de acordo com tipo celular atingido e espécie animal acometida:
- Erliquiose Monocítica Canina causada pela Ehrlichia canis
- Erliquiose Granulocítica Canina causada por Ehrlichiaewingii e Anaplasmaphagocytophilum
- Erliquiose Trombocítica Canina ( atualmente Trombocitopenia Cística Canina) causada por Anaplasmaplatys
A de maior prevalência é Ehrlichia canis responsável pela erliquiose Monocítica Canina (EMC)
Período de incubação: varia de 1 a 3 semanas com multiplicação em fígado, baço e linfonodos.
A doença pode ocorrer em três estágios:
- Fase Aguda: é variável quanto a duração( 2 a 4 semanas) e à severidade (suave a severa);
- Fase Subclínica: caracteriza-se pela persistência de microrganismo após uma recuperação aparente da Fase Aguda;
- Fase Crônica: quando o sistema imune é ineficaz e não pode eliminar o microrganismo. Com dano na medula óssea vermelha com prejuízo na produção de células sanguíneas
Os sinais clínicos iniciam-se aproximadamente após 14 dias pós-infecção, geralmente:
- com febre intermitente ao redor 39ºc;
- apatia;
- anorexia;
- letargia;
- linfoadenomegalia;
- esplenomegalia.
Outros sinais da doença podem ser inespecíficos e marcados por :
- emagrecimento;
- caquexia;
- desidratação;
- dores articulares;
- hiperestesia (significa o aumento das sensações);
- sensibilidade à palpação;
- sinais neurológicos como ataxia e tremores;
- sinais oculares como deslocamento de retina e/ ou uveíte anterior;
- vasculite;
- diátese hemorrágica;
- petéquias podem ser achados comuns.
- Vale ressaltar que a Erliquiose pode ainda acometer o indivíduo em sinergismo com outras hemoparasitoses como Mycoplasmose, Babesiose, Anaplasmose, Tripanosomíase, Leishmaniose, Cytauxzoonose e Hepatozoonose .
- O diagnóstico se dá pelo histórico clínico e exames hematológicos e sorológicos (ELISA/RIFI)
- O tratamento da EMC se baseia na administração de antibióticos e sintomático.
- O prognóstico é de reservado a ruim quando o cão estiver cursando a Fase Crônica.
- A doença é mais frequente no verão, mas pode ocorrer o ano todo.
2.BABESIOSE CANINA
A babesiose canina também é causada por hemoprotozoários que parasitam as hemácias.
As espécies de maior importância para os cães são:
- Babesia canis (mais comum no Brasil);
- Babesia gibsoni.
Os carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus são os principais transmissores.
A babesiose pode se manifestar como uma doença branda ou complicada na dependência da cepa infectante e da imunocompetência do hospedeiro.
Os sintomas mais comuns são:
- letargia;
- febre;
- icterícia;
- vômito;
- linfoadenomegalia;
- esplenomegalia.
Trombocitopenia e anemia são os achados laboratoriais mais comuns. Leucocitose com ou sem desvio ou ainda leucopenia pode ocorrer
3.ANAPLASMOSE OU TROMBOCITOPENIA CÍCLICA
As anaplasmose ou trombocitopenia cíclica é uma hemoparasitose causada pela rickettsia Anaplasma platys, agente trombocitotrópico (parasita as plaquetas) e é transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus.
A maioria dos cães é assintomática.
Sinais clínicos incluem:
- febre;
- letargia;
- tendência a sangramentos, principalmente hematoquezia.
Os sintomas podem se agravar dependendo da presença de coinfecções com outros hemoparasitas como a E. canis.
4.FEBRE MACULOSA
A febre maculosa é uma doença causada pela Rickettsia rickettsii, uma das rickettsias mais patogênicas.
A doença é uma zoonose emergente e bastante grave, inclusive para seres humanos que a contraem.
Embora carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus sejam implicados na infecção, aqueles da espécie Amblyomma cajennense, Amblyomma aureolatum e Dermacentor spp, também participam da transmissão.
As manifestações clínicas geralmente ocorrem entre e a 3 dias após a exposição ao carrapato contaminado.
Letargia, anorexia., vômito, diarreia, linfoadenomegalia, esplenomenomegalia também são achados comuns.
Lesões cutâneas podem acontecer na fase aguda e se caracterizam principalmente por hiperemia e edema de extremidades como lábios, narina e orelhas.
Relutância em caminhar também pode ocorrer principalmente em cães com poliartrite e miosite secundárias ao processo inflamatório.
Pode aparecer uveíte e sinais de sangramento ocular. Necrose cutânea, equimose, hepatomegalia são achados mais comuns em animais severamente afetados.
Cerca 40% dos animais infectados desenvolvem alteração neurológica, que pode variar desde vestibulopatia até sinais mais graves relacionados a encefalomielite e meningite.
Os cães podem vir a óbito devido à formação de microtrombos em órgãos vitais ou ainda processo hemorrágico ou CID.
Animais severamente afetados podem morrer em decorrência da progressão dos sinis neurológicos, choque cardiovascular e insuficiência renal aguda.
Referência Bibliográfica:
VetScience Magazine. Maio/2014.
Cadernos Universitários ULBRA – Medicina de Cães e Gatos
Boletim Pet Volume 02/2015 – Agener União- Hemoparasitoses em Cães e Gatos